quarta-feira, 11 de março de 2009

A Sociologia: um conhecimento de todos

TEXTO APLICADO AO 3° ANO
A Sociologia: um conhecimento de todos (texto 01)

Desde o século XIX, quando a sociologia foi criada ou reconhecida como campo de conhecimento explorável pelo procedimento científico, até a atualidade, inúmeros estudos se desenvolveram. Como nas demais ciências, estabeleceu-se uma comunicação permanente entre pesquisadores, permitindo um acúmulo de princípios e informações de modo a submeter as teorias a comprovação, questionamento, revisão.
Criou-se também um jargão científico, isto é, um vocabulário próprio com conceitos que designam aspectos precisos da vida social. De tal forma se alastraram os resultados das pesquisas sociológicas que, hoje, boa parte desse vocabulário faz parte da vida cotidiana. Palavras e expressões como contexto social, movimentos sociais, classes, estratos, camadas, conflito social, são usadas no dia-a-dia das pessoas e profusamente veiculadas pelos meios de comunicação de massa.
Nos discursos políticos, referências às “classes dominantes”, às “pressões sociais” emergem como se fossem de domínio público, como se todos, políticos e eleitores, soubessem exatamente o que elas designam.
As pesquisas de opinião de qualquer tipo veiculam os resultados de procedimentos metodológicos amplamente usados nas pesquisas científicas, e os leitores percebem de maneira mais ou menos geral seu significado. Quando se diz que um governante conta com o apoio de 60% da população de uma cidade, por exemplo, as pessoas entendem que um grupo de pesquisadores empreendeu uma pesquisa que argüiu um número delimitado de cidadãos a respeito da gestão desse governante e que esses cidadãos expressaram sua opinião. Compreendem que, de cada 100 pessoas argüidas, 60 manifestaram-se favoráveis às medidas tomadas pelo governante.
E, quando se diz, após algum tempo, que a popularidade desse governante cresceu 10%, sabemos que nova pesquisa foi feita nos mesmos moldes da anterior e, de cada 100 cidadãos, agora são 70 que se mostraram favoráveis à atuação governamental.
Esse simples raciocínio, utilizado não só nas pesquisas de caráter político mas em quaisquer outras que pretendem verificar a adesão das pessoas a certas idéias — ou a freqüência a espetáculos, ou o número de espectadores de um programa de televisão —, decorre da aceitação generalizada dos conhecimentos básicos da sociologia.
Isso ocorre porque foi possível constatar e verificar uma regularidade nos fatos sociais. Essa regularidade responde às leis da vida social e essas leis científicas são passíveis de serem observadas e apreendidas. Disso resulta que é também possível prever (o que é diferente de adivinhar) com certa margem de acerto os possíveis eventos futuros de uma determinada sociedade. Abre-se, então, a possibilidade de se poder intervir conscientemente nos processos, tanto para reforçá-los como para negá-los, dependendo dos interesses em jogo.
Queremos deixar claro que o leitor de uma pesquisa de opinião, mesmo desconhecendo a sua metodologia, sabe que existem meios mais ou menos eficazes de se desvendar o comportamento, o gosto e a opinião de uma população pela investigação de uma amostra, isto é, de uma parte escolhida dessa população. O leitor intui a existência de uma regularidade nesses comportamentos e opiniões; reconhece que, por trás da diversidade entre as pessoas, existe certa padronização nas suas formas de agir e pensar, de acordo com o sexo, a idade, a nacionalidade etc.
Quando lemos em uma notícia ou artigo que Maria, 35 anos, casada, dona-de-casa, brasileira, votará em determinado candidato, não estamos tomando conhecimento apenas da opinião de uma pessoa isolada, mas do grupo de pessoas do qual Maria é o protótipo: o das mulheres de idade mediana, donas-de-casa, casadas e brasileiras.
Portanto, os conhecimentos de sociologia hoje já não estão restritos ao uso dos cientistas sociais. Eles fazem parte de um modo de perceber e interpretar os acontecimentos formado pela disseminação dos procedimentos e técnicas de pesquisa social.
Hoje manifesta-se confiança nessa forma de conhecer a realidade, do mesmo modo como se confia em um termômetro para constatar a temperatura do corpo.
Mesmo que o público desconheça todos os procedimentos de amostragem e de levantamento de dados, assim como pode desconhecer a técnica utilizada na fabricação de um termômetro, já confia nas informações das pesquisas, o que demonstra a utilidade e a popularidade da sociologia. Hoje é mais freqüente comprovar uma afirmação qualquer por meio de dados de pesquisa do que pela mera importância conferida à pessoa que a declara. Houve tempo em que o prestígio e a autoridade pessoais bastavam para assegurar a credibilidade do público. Hoje se requer comprovação. Atualmente, quando se diz, por exemplo, que “os brasileiros são contra a pena de morte”, logo se questiona sobre as bases em que se assenta tal afirmação. Muito mais convincente, nesse caso, é uma manchete de jornal que diga: “75% dos brasileiros são contra a pena de morte”.

A utilidade da Sociologia nos diversos campos da atividade humana: ( texto 02 )

Assim como o leitor, o ouvinte e o espectador de televisão sabem que existem técnicas relativamente eficazes para entender o comportamento social, profissionais das mais diversas áreas também não ignoram a utilidade da sociologia.
Para empreender uma campanha publicitária, para lançar um produto ou um candidato político, para abrir uma loja ou construir um prédio, os profissionais especializados — o engenheiro, o agrônomo, o comerciante — procuram dados sobre o comportamento da população.
Não se constróem mais prédios ou casas sem levar em consideração o comprador, suas condições, valores, idéias, tudo aquilo que o faz optar por uma ou outra moradia. Pode ser o lugar, o aspecto, o preço ou, muito freqüentemente, a soma de tudo isso.
Todos os passos importantes na comercialização de um produto, desde sua criação até sua campanha publicitária e distribuição, repousam em pesquisas de opinião e comportamento. Procura-se saber quem compra determinado produto, os hábitos desse comprador, sua faixa salarial, quanto do orçamento doméstico ele está disposto a dedicar a esse bem, e assim por diante.
Quando um fabricante quer lançar um novo tipo de margarina, por exemplo, efetua uma série de pesquisas para determinar qual é o comprador típico de margarina e o que é mais importante para ele. Procura averiguar como competir com os produtos assemelhados já existentes. Inúmeros fatores podem levar o consumidor a uma escolha entre produtos equivalentes: o preço, a qualidade, a embalagem, entre outros.
Resumindo, não se “atira no escuro”. A sociedade tem características que precisam ser conhecidas para que aqueles que nela atuam tenham sucesso. Não existe, portanto, nenhum setor da vida onde os conhecimentos sociológicos não sejam de ampla utilidade. E essa certeza perpassa hoje toda a linguagem dos meios de comunicação e toda a atuação profissional das pessoas. É por isso que a sociologia faz parte dos programas universitários que preparam os mais diversos profissionais — de dentistas a engenheiros — e por isso também o sociólogo hoje tem entrada nas mais diversas companhias e instituições.
Daí decorre a afirmação, hoje quase unânime, de que a sociologia é uma ciência que se define não por seu objeto de estudo mas por sua abordagem, isto é, pela forma como pesquisa, analisa e interpreta os fenômenos sociais.
Dizer que o “objeto da sociologia é a sociedade” é dar ao cientista social um objeto sem limites precisos, amplo demais para que dele possa dar conta. Tudo que existe, desde que o homem se reconhece como tal, existe em sociedade. Portanto, não é por fazer parte da sociedade, ou de um meio social, que um fato se torna objeto de pesquisa sociológica. Um fenômeno é sociológico quando sobre ele se debruça o sociólogo, tentando entendê-lo no que diz respeito às relações entre os homens e às influências sociais de seu comportamento.

Desafios da Sociologia hoje: ( texto 03 )

O capitalismo vive hoje, no século XX, uma profunda reestruturação que está exigindo dos cidadãos, dos governos e das nações uma revisão completa não só de conceitos como dos mecanismos de funcionamento da sociedade. Uma análise de todos os aspectos que a compõem, como o sistema produtivo, as relações de trabalho, o exercício do poder político, o papel do cidadão, da ciência e da tecnologia, os direitos e deveres de cada setor social ou classe, os problemas sociais referentes a essas mudanças e assim por diante.
Essa reestruturação torna mais necessário ainda desenvolver a capacidade de entender e projetar o rumo dos acontecimentos. Se essa já era uma exigência do mercado livre, ou seja, não-planejado, que se desenvolvia com base em determinados padrões de comportamento social, a sociedade contemporânea, globalizada e competitiva, exige um redimensionamento desses padrões.
O mundo contemporâneo — ou pós-clássico, como o chamam alguns, entre eles George Steiner — exige a retomada e a análise de conceitos consagrados, como divisão social do trabalho, Estado nacional e democracia. Uma sociedade de quatrocentos anos se transforma radicalmente, por um lado aproximando grupos sociais distintos ou, por outro, introduzindo diferenças em comunidades anteriormente integradas. Novas posições surgem, enquanto antigos conflitos — como a Guerra Fria — são abandonados.
Valores básicos da sociedade capitalista — como o trabalho — são deixados em segundo plano, enquanto o lazer e o consumo se transformam em regras sociais.
Enfim, é hora e vez de repensar os padrões, as regularidades que ordenam a vida social e hierarquizá-los. Nesse contexto a ciência da sociedade ganha nova importância e se confronta com novos desafios.
ATIVIDADE
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