quarta-feira, 22 de abril de 2009

A divisão do trabalho e a Indústria Moderna

A divisão do trabalho e a Indústria Moderna
Texto aplicado ao 2º ano

As classes dominantes sempre estiveram interessadas no recrutamento, na disciplina e na manutenção da força de trabalho. Isto é verdadeiro tanto para as sociedades capitalistas como para as sociedades feudais ou escravocratas. Embora nos dias de hoje o sistema salarial possa parecer estabilizado, possa parecer até uma instituição auto-regulada, isso deve-se a uma longa história de luta, durante a qual, a interacção de pressões econômicas e estatais foi forjando um proletariado dependente do salário para o seu próprio sustento. As formas mais severas de coerção aconteceram quando as relações capitalistas foram impostas nos territórios coloniais. Mas a formação de um proletariado industrial nas nações "civilizadas" também não foi um mar de rosas:
Devido à natureza da sociedade britânica do século XVIII, na qual surgiu o industrialismo moderno, devido à competitividade cruel imposta pelo mercado que o simples produtor tem de enfrentar, devido à alienação do trabalho que esta mudança de hábitos implica, e devido, acima de tudo, ao fato deles encararem os empregados como inimigos dentro do sistema distributivo de uma economia capitalista, o proletariado industrial moderno foi introduzido no seu papel, não tanto pela atração ou recompensa monetárias, mas mais por compulsão, força e medo. Não era permitido que se crescesse num jardim vibrante de sol; esse proletariado foi forjado a fogo pelos golpes poderosos de um martelo.... A relação típica é de domínio e medo, medo da fome, do despejo, da prisão para aqueles que desobedecerem às novas regras industriais. Até agora, a experiência de outros países num estágio semelhante de desenvolvimento não tem, no essencial, sido muito diferente. (Sidney Pollard, The Genesis of Modern Management [Baltimore, Maryland,: Penguin Books, 1968], 243)
A mudança para o sistema de trabalho assalariado alterou profundamente o modo de vida e o significado do trabalho para os antigos agricultores independentes e artesãos. No século XVII o trabalho para os assalariados na Inglaterra era visto como uma forma de escravatura. Não só eram muitas as fábricas construídas como asilos e prisões como também a disciplina laboral imposta nessas instalações pressupunha práticas prisionais. No período pre-industrial o tempo dedicado ao trabalho era determinado pela tarefa a ser executada e por condições naturais (o clima para os agricultores, as marés para os pescadores, etc). O trabalho, o lazer e as festas religiosas, foram interrelacionados, resultando daí uma ténue demarcação entre "trabalho" e "vida". *O sistema fabril, por outro lado, criou uma disciplina de trabalho completamente nova, onde o tempo e a tarefa passaram a ser rigidamente controlados por inspectores. O capitalismo acabou também por introduzir uma nova fase na divisão do trabalho. Para além de se ter verificado uma precoce divisão social do trabalho, o processo de produção foi ele próprio fragmentado. O extensivo uso da máquina, rotinizou os diferentes segmentos da produção à qual todo o trabalhador está ligado, transformando desta forma o trabalhador num apêndice da máquina que, tanto ele como ela, operam. Harry Braverman, Labor and Monopoly Capital (Nova Iorque: Monthly Review Press, 1974).


ATIVIDADE


BRASIL - terra que trabalha

A população brasileira é de 144 427 600
Menos os aposentados 22 236 521
Sobram 122 191 079
Menos os estudantes e as crianças 74 121 738
Sobram 48 069 341
menos os funcionários públicos 16 306 782
Sobram 31 762 559
Menos os líderes sindicais 1 482 434
Sobram 30 280 125
menos os marajás 4 756 201
Sobram 25 523 924
Menos os que foram para Portugal 3 295 231
Sobram 22 228 693
Menos os jogadores de futebol que foram para Itália 3 491
Sobram 22 225 202
Menos os que foram presos que deveriam estar soltos 11 936
Sobram 22 213 266
Menos os soltos que deveriam estar presos 5 352 091
Sobram 16 861 176
Menos os presos que deveriam continuar presos 7 584 212
Sobram 9 276 963
Menos os que não trabalham 2 018 597
Sobram 7 258 366
Menos os políticos 2 324 714
Sobram 4 933 652
Menos os parentes dos políticos 2 521 001
Sobram 2 412 651
Menos os amigos dos parentes dos políticos 2 412 649
Sobraram para trabalhar 2
VOCÊ E EU

E, francamente, vê se me dá uma mão, porque eu já estou cansado de levar esse país nas costas!!
( texto anônimo retirado de um pôster )

Responda:

1. Procure verificar nesse texto quantos preconceitos existem em relação a quem trabalha e quem não trabalha.
2. Faça uma relação das pessoas que ocupam cargos que você considera ociosos no Brasil.
3. O que você pensa sobre as seguintes frases: " O trabalho dignifica o homem" e "Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro"?

Fonte: Iniciação à Sociologia - Nelson Dacio Tomazi